30 de junho de 2011

Um Marco da Imigração em Cataguases








Este livro sobre a história da
Colônia Major Vieira,
lançado durante o evento comemorativo
do dia 23 de junho,
pode ser adquirido através do
telefone (32) 3421-5330,
com Mônica ou Maria José.



Itamarati de Minas cancela evento do dia 1º de julho

Os organizadores do evento comemorativo pelo Centenário da Colônia Major Vieira, que seria realizado amanhã, dia 1º de julho, em Itamarati de Minas, comunicam o cancelamento em virtude de problemas operacionais que os impediram de finalizar os preparativos.

20 de junho de 2011

Patrimônio Cultural: relacionando conceitos - Edição III

Texto de: Alessandre Humberto de Campos
arquiteto e urbanista
6. Construindo um conceito de cultura

Para entendermos cultura precisamos compreender os fatores que contribuem para a existência de uma sociedade. Cultura está vinculada às sociedades. Sociedade pressupõe seres que compartilham a companhia de outros, tenham um idioma comum, leis ou regras de conduta, vivem em colaboração mútua em um mesmo meio geográfico e produzem seus meios de existência, ou seja, tenham seu modo de produção material e imaterial.

O modo de produção está diretamente ligado aos recursos naturais, os instrumentos para transformação da matéria-prima e o conhecimento, que constituem componentes artificiais no processo de criação das condições de vida em sociedade. Um modo de produção primitivo é aquele que aproveita o que o meio lhe oferece. O modo de produção capitalista é aquele submetido à vontade do patrão. Tudo que o homem produz é artificial e constitui seu patrimônio cultural.

Pois bem, o homem é um ser sociável e necessita desses componentes retirados da natureza, por meio de seus conhecimentos e da utilização dos instrumentos disponíveis, para produzir a sua identidade.

Cultura, genericamente conceituada, é tudo aquilo que o Homem produz para sua sobrevivência e relação com outros Homens e que pode ser transmitido aos seus sucessores.

O Homem se distingue de outros animais que vivem em sociedade por sua capacidade de ter e criar cultura, de integrar-se ao ambiente que vive, de reconhecer o passado histórico de seu grupo, de assumir relações sociais e de produzir para a sua existência.

O homem é um animal que constrói, por meio de sistemas simbólicos, um ambiente artificial no qual vive e o qual está continuamente transformando. Um ambiente que também se pode denominar cultural e que se contrapõe ao ambiente natural, ou habitat.

Quando o Homem sabe utilizar dessas características para construir um ambiente artificial, permitindo continuamente, seu movimento de criação, transmissão e reformulação, está definindo sua identidade, sua herança, seu legado que perpetuará por gerações, constituindo assim seu patrimônio cultural.

A cultura é, propriamente, esse movimento de criação, transmissão e reformulação desse ambiente artificial. E essa é a definição antropológica de cultura.

7. A relação do Homem e o Patrimônio Histórico

A cidade é um ambiente artificial produzido pelo Homem e constitui o patrimônio cultural de uma sociedade. O patrimônio cultural do Homem é tudo aquilo que ele produziu e adquiriu como conhecimento e experiências ao longo de sua existência.

O senso de preservação e conservação, além do respeito pelo patrimônio cultural de uma sociedade e de si mesmo, delineiam o Homem culto. Ler, viajar, saber outros idiomas, ouvir música, ir ao teatro, entre outras atividades são importantes para a formação do Homem. O produto desse conhecimento compartilhado será importante para a formação de uma sociedade culta. A união dos conhecimentos de uma sociedade produzirá o seu patrimônio cultural, que no âmbito de uma cidade, constitui o conjunto de bens móveis e imóveis de excepcional valor histórico, paisagístico, arqueológico, etnográfico, arquitetônico, bibliográfico ou artístico. A esse conjunto vamos dar o nome de PATRIMÔNIO HISTÓRICO.

O ser que considera o Patrimônio Histórico como sendo um “problema” para o desenvolvimento de uma cidade, age dessa forma por falta de conhecimento, por não respeitar aquilo que seus antepassados produziram, ou seja, não reconhece no presente a sua própria origem, sendo assim, não possui nenhum legado para deixar as suas gerações futuras. É um ser que não se distingue de outros animais. É um ser que não produz nada de útil para ser compartilhado com a sociedade atual ou futura.

Como pode um Homem autodenominar-se “culto” por ter nascido em Araguari, viajado a Europa e ter conhecido Roma e Grécia se não conhece a identidade do lugar que nasceu; por ser brasileiro e falar inglês, italiano, francês, alemão e não entender o português; por ter lido “Os Lusíadas” (1576) de Luís Vaz de Camões e não saber a biografia do seu bisavô; por ter ouvido todos os discos da bossa nova e não saber respeitar o gosto musical dos seus semelhantes; por ter comprado um casarão antigo e o ter demolido com a justificativa de estar contribuindo para o “desenvolvimento” da cidade; por ter construído um arranha-céu com estilo hi-tech, mas não permite que seus filhos conheçam o estilo arquitetônico Barroco Mineiro; enfim, como pode ser culto o Homem que renega suas raízes?

Assim, o patrimônio cultural de um povo é constituído pelos elementos da natureza (do meio em que o homem vive); dos elementos não tangíveis, como os conhecimentos e as técnicas; e os artefatos.

"Nossa deformação cultural nos faz pensar que cabe a um segmento da sociedade levar cultura a outro. Nós temos é que buscar a cultura no povo, dando condições para que ela brote”.
Fernanda Montenegro

O que diferencia sociedades desenvolvidas de sociedades subdesenvolvidas é a maneira com que as pessoas produzem, respeitam, preservam e utilizam sua cultura.

Respeitar, reconhecer, valorizar e preservar o nosso Patrimônio Cultural Material e Imaterial não é só chique como, também, é necessário para que as futuras gerações possam identificar no passado, a sua origem, seu modo de vida, suas tradições, seu comportamento, sua forma de agir e pensar para se projetar um futuro cada vez melhor e com qualidade de vida.

Este texto foi originalmente publicado neste endereço.

13 de junho de 2011

Sustentabilidade do Patrimônio Cultural

Hoje republicamos a segunda parte do texto de Alessandre Humberto de Campos.

Edição II - sustentabilidade do patrimônio cultural

4. Como a sustentabilidade se associa ao patrimônio cultural e como o patrimônio cultural se associa à sustentabilidade

Do latim patrimonium faz alusão à "propriedade herdada do pai ou dos antepassados" ou "aos monumentos herdados das gerações anteriores". [Pelegrini, 2006]

“A sustentabilidade cultural se dá através da preservação de valores e mensagens os quais conferem sentido e identidade a determinado grupo cultural e étnico.” [Carsalade, 2001]

Se relacionarmos o termo sustentabilidade ao patrimônio cultural como sendo a continuidade no tempo do espírito do lugar – Genius locci¹ - pela valorização de seus significados e que estes possam ser transmitidos e constituírem vínculo a futuras gerações, os dois termos podem ser associados de forma a resgatar a consciência de que, o patrimônio cultural harmonizado com as necessidades da sociedade se torna um aliado para a manutenção da qualidade de vida pelo estimulo ao respeito à identidade de um povo e aos benefícios gerados pelo dinamismo urbano.

A prática preservacionista se apropria do conceito sustentabilidade para reivindicar o reconhecimento de seus “referenciais culturais e identitários” como forma de estimular a integração da população com seu “legado vivo” pela “adoção de políticas patrimoniais pluralistas, capazes de valorizar a diversidade ambiental, as heterogeneidades culturais e as múltiplas identidades, de modo a promover a convivência harmoniosa entre o homem e o meio, e ainda, garantir a inclusão social dos cidadãos”. [PELEGRINI, 2001]

É importante o entendimento pela sociedade de que o patrimônio não é apenas histórico com valor estético ou estilístico, mas que passa a ser o patrimônio cultural onde se agrega valores e características que reforçam nossa origem, nossas raízes e tudo aquilo que fomos e somos garantindo as gerações futuras o acesso a essa identidade.

“Uma árvore sem raízes, o caule sozinho não consegue produzir frutos”. [Sabedoria popular].

De acordo com a Carta de Brasília, elaborada durante o 3º Encontro Nacional do Ministério Público na defesa do Patrimônio Cultural, realizado nos dias 23 e 24 de novembro 2006, na Procuradoria Geral da República, em Brasília, dentre as vinte e uma recomendações destaca-se:
(...)
“3 - A todo bem cultural há de ser dado um uso, que deve se harmonizar com a preservação de suas características essenciais.”
“4 - Dentre os vários valores identificadores de bens culturais merecedores de proteção, ressaltam-se: o arquitetônico, o histórico, o evocativo, o ambiental, de recorrência regional, de raridade funcional e de antiguidade, podendo determinado bem ostentar simultaneamente mais de um desses valores.” (...)
“6 - São direitos da população local em relação ao seu patrimônio cultural: direito de conhecer sua própria história e a de seu povo; direito a conservar suas manifestações culturais em contato com a continuidade das tradições; direito a ser informada e participar da tomada de decisões que afetem os bens culturais; direito debeneficiar-se, com prioridade, do desenvolvimento socioeconômico que autilização do bem possa gerar; direito a que se considere, prioritariamente, a qualidade de vida do morador local e que esta não reste prejudicada pela atenção ao turismo ou a terceiros, garantindo à população a identificação de seus próprios valores sociais.”
(...)
O patrimônio cultural para ser sustentável é necessário o envolvimento dos poderes constituídos e a participação popular no sentido de estabelecer prioridades sobre a manutenção de nossa cultura como forma de alavancar o desenvolvimento de nossa sociedade, garantindo o direito às gerações futuras de identificar seus próprios valores na ligação entre passado, presente e futuro, bem como, reconhecer que seu patrimônio cultural é dinâmico e exerce papel fundamental no desenvolvimento econômico e social do lugar.

5. Como patrimônio cultural e sustentabilidade se associam em Araguari/MG

O senso comum de uma parcela da população é de que o patrimônio cultural preservado, principalmente o material, como edificações isoladas, conjuntos arquitetônicos e reservas naturais, é um entrave para a modernização da cidade, ou seja, fazem relação entre modernização e desenvolvimento e, esse grupo formado por pseudo-jornalistas, batem forte colocando a sociedade contra as entidades que lutam pela manutenção de nossa herança cultural.

Por outro lado, a equipe técnica da Divisão de Patrimônio Histórico e o Conselho Deliberativo Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural de Araguari por meio da educação patrimonial e outras ações vem fazendo um trabalho constante de conscientização, tanto da sociedade quanto dos proprietários dos bens de valor cultural relevantes para a nossa cultura, sobre a preservação sustentável de nosso patrimônio cultural como fomento ao desenvolvimento. Após alguns exemplos de utilização sustentável de bens tombados ou não, com isso está acontecendo o reconhecimento por parte de toda a população deste trabalho, sendo que proprietários de bens não tombados estão recuperando-os e integrando-os a dinâmica urbana.

Um dos maiores exemplos é o prédio onde funcionou a Estação da Estrada de Ferro Goiaz – EFG. Um prédio de 1928, dotado de uma beleza monumental, foi tombado pelo município em 1989, recuperado a partir dos anos de 2001 e em 2006 foi entregue a população como o Palácio dos Ferroviários cujo uso foi alterado e passou a ser a sede da Prefeitura Municipal de Araguari. Neste prédio, além de algumas secretarias municipais, encontra-se o Museu do Ferroviário que resgata a história da ferrovia que se confunde com a própria história de Araguari e do povo Mineiro.

Em 30 de junho de 2008 o Conjunto Paisagístico e Arquitetônico da Antiga Estação da Estrada de Ferro Goiás-Araguari recebeu o tombamento definitivo pelo Conselho Estadual do Patrimônio Cultural – CONEP.

Hoje o prédio é orgulho para a cidade. Sua imagem já foi usada como cenário para o Programa do Jô e Fantástico da Rede Globo de Televisão. Ganhou o Prêmio “Melhor de Minas” da Rede Integração em 2008.

Foi a partir da recuperação deste prédio e do seu reingresso ao dinamismo urbano que a semente da importância do patrimônio cultural material ser utilizado de forma integrada no contexto urbano foi plantada na consciência de toda a população. O prédio se tornou ponto turístico na cidade e palco para apresentações populares.


Tanto na época que foi construído e que trouxe pelos trilhos o desenvolvimento para a cidade, quanto hoje, como nosso patrimônio cultural, continua trazendo o desenvolvimento de forma sustentável permitindo que a geração do século XXI possa reconhecer sua identidade social e cultural.

Texto de:
Alessandre Humberto de Campos
arquiteto e urbanista
disponível neste endereço.
_____________________________________
¹
“A expressão genius loci diz respeito, portanto, ao conjunto de características sócio-culturais, arquitetônicas, de linguagem, de hábitos, que caracterizam um lugar, um ambiente, uma cidade. Indica o "caráter" do lugar. O termo é utilizado por Aldo Rossi quando se refere à preocupação com o local e o entorno do terreno das suas futuras construções.” [Wikpédia, 2008]

8 de junho de 2011

1 de julho: Comemorações do Centenário em Itamarati de Minas


Encerrando as comemorações pelo Centenário da Colônia Agrícola Major Vieira, o município de Itamarati de Minas presta sua homenagem festejando os inúmeros descendentes de imigrantes que vivem na região.

6 de junho de 2011

5 de junho de 2011

Legado e Patrimônio Cultural, por Alessandre Campos

Edição I - Legado e Patrimônio Cultural


1. Introdução

A partir de hoje,  trarei informações acerca do Patrimônio Cultural de nossa cidade, semanalmente, numa série de artigos.

O objetivo é elucidar dúvidas, bem como, informar acerca das ações pertinentes ao nosso Patrimônio Cultural.

2. Legado

Todos os dias nós assumimos o papel de sermos alguém na multidão. Dormimos. Acordamos. Fazemos nossa higiene. Alimentamo-nos e alimentamos alguém. Saímos de casa para trabalhar, estudar, rezar ou até mesmo passear. Por que fazemos tudo isso? De quem herdamos isso? A resposta é: tudo isso faz parte da nossa cultura.

Durante nossa caminhada do dia-a-dia, deparamo-nos com o nosso passado e muitas vezes nem o percebemos. A rotina do nosso dia-a-dia é um ensinamento que foi transmitido a nós pelos nossos antepassados. Você já parou para pensar que tudo que você é e será, produz e produzirá é fruto da experiência transmitida pela sociedade a você?

Tudo isso é fruto da experiência humana e sendo a nossa cultura nos fornece a direção do fazer, do pensar e do sentir.

Ao propor a preservação do patrimônio cultural de nossa sociedade, está se propondo o resgate de uma memória viva, protegida por instrumentos legais que farão à valorização e o reconhecimento da nossa cultura.

O nosso patrimônio cultural é o conjunto dos bens protegidos e constituídos, principalmente, de edificações e de coisas que podem ser guardadas e assim protegidas e restauradas. Estes fazem parte do patrimônio cultural material, pois, eterniza em suas formas e elementos decorativos o costume, o senso de beleza, o espírito do lugar, a identidade e as características vivenciadas em uma época.

Mas, não podemos esquecer as tradições, os ensinamentos transmitidos de geração para geração, os erros e acertos de nossos antepassados, o nosso comportamento, a forma de interagir e a forma que manifestamos nossa liberdade de expressão, pois estes estão diretamente ligados ao nosso lugar e é o que diferencia uma sociedade de outra, tornando assim, nosso patrimônio cultural imaterial.

O pão é pão em todo lugar, porém a forma de se fazer e a utilização dos ingredientes imprimirão a ele um sabor típico característico da cultura de cada sociedade.

Escrever a linha do tempo tendo a história como testemunha do passado, exemplo do presente e advertência para o futuro é reconhecer em nós mesmos a nossa herança cultural sustentável. 

"A cultura é aquilo que permanece no homem quando ele já esqueceu todo o resto.” (Émile Henriot)

3. Patrimônio Cultural

Para se chegar a uma definição de patrimônio cultural, é necessário entender, historicamente, as ações que desencadearam o aparecimento deste termo.

Em 1837 em Paris, na França, foi criada uma comissão encarregada de preservar os monumentos históricos da cidade. O arquiteto Eugène Emannuel Viollet-le-Duc, que fez parte dessa comissão, foi um dos principais estudiosos a pensar no tema. Os estudos começaram por estabelecer princípios de intervenção em monumentos históricos e uma metodologia de restauração dos mesmos. A restauração era considerada como uma ciência na época devido à grande influência que se firmava na Europa pelo Iluminismo, a Revolução Francesa e Revolução Industrial - movimentos estes que geraram uma ruptura com o passado, motivando o estabelecimento de uma identidade nacional pelo sentimento de proteção aos bens históricos.

Viollet-le-Duc[¹] era reconhecido pelos trabalhos práticos de restauração, passou a ser notado pelas suas obras teóricas que discorria sobre o papel do arquiteto e suas condições de trabalho, detalhava sobre técnicas de entalhe de pedra e rejunte, além de formas de levantamento, verificação e análise de patologias e indicação de técnicas de restauro.

No Brasil, o interesse pelo tema, oficialmente surgiu na Semana de Arte Moderna de 1922 com Mário de Andrade. Em 1934 foi criada a Inspetoria de Monumentos Nacionais que executava o serviço de restauro de monumentos históricos e que atuava principalmente na cidade de Ouro Preto, a qual foi tombada por este mesmo órgão, neste mesmo ano. Em 1936, o então Ministro da Educação e Saúde Gustavo Capanema solicitou a Mário de Andrade preparar um projeto de lei para a criação de uma instituição nacional de proteção do patrimônio. Esse documento foi o embrião usado nas discussões preliminares sobre a estrutura e os objetivos do SPHAN - Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, criado em janeiro de 1937 e regulamentado por decreto presidencial assinado em 30 de novembro de 1937, por Getúlio Vargas.

Após todo esse período de descobertas da necessidade de se garantir a preservação dos bens de valor histórico e artístico de nosso país, houve desdobramentos para definir quais seriam estes bens e como conceituá-los.

Em 1946 a Constituição Federal, no seu Art. 175 traz a primeira referência oficial sobre a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional:
“Art. 175 - As obras, monumentos e documentos de valor histórico e artístico, bem como os monumentos naturais, as paisagens e os locais dotados de particular beleza ficam sob a proteção do Poder Público.”
A Convenção[²] para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, adota em 16 de novembro de 1972, durante a Conferência Geral da UNESCO, os seguintes conceitos para:

Os monumentos – Obras arquitetônicas, de escultura ou de pintura monumentais, elementos de estruturas de caráter arqueológico, inscrições, grutas e grupos de elementos com valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência; 

Os conjuntos – Grupos de construções isoladas ou reunidos que, em virtude da sua arquitetura, unidade ou integração na paisagem tem valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência; 

Os locais de interesse – Obras do homem, ou obras conjugadas do homem e da natureza, e as zonas, incluindo os locais de interesse arqueológico, com um valor universal excepcional do ponto de vista histórico, estético, etnológico ou antropológico.”

A Constituição Federal do Brasil de 1988, vigente até os dias de hoje, traz no seu Art. 216 a definição dos bens que constituem o nosso patrimônio cultural:

“Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.”

Há vários conceitos sobre Patrimônio Cultural, a destacar:
“Patrimônio Cultural é o conjunto de todos os bens, materiais ou imateriais, que, pelo seu valor próprio, devam ser considerados de interesse relevante para a permanência e a identidade da cultura de um povo. O patrimônio é a nossa herança do passado, com que vivemos hoje, e que passamos às gerações vindouras”. [Wikipédia, a enciclopédia livre.]

“Patrimônio Cultural é a soma dos bens culturais de um povo, que são portadores de valores que podem ser legados a gerações futuras. São o que lhe confere identidade e orientação, pressupostos básicos para que se reconheça como comunidade, inspirando valores ligados à pátria, à ética e à solidariedade e estimulando o exercício da cidadania, através de um profundo senso de lugar e de continuidade histórica”. [Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA/MG]

Mais recentemente, o conceito de Patrimônio Cultural se desdobra em Patrimonio Cultural Imaterial definido da seguinte forma:

“Patrimônio Cultural Imaterial são as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural." [UNESCO]

“Patrimônio cultural imaterial é uma concepção de patrimônio cultural que abrange as expressões culturais e as tradições que um grupo de indivíduos preservam em respeito da sua ancestralidade, para as gerações futuras. São exemplos de patrimônio imaterial: os saberes, os modos de fazer, as formas de expressão, celebrações e os lugares, as festas e danças populares, lendas, músicas, costumes e as mais variadas tradições”. [Wikipédia, a enciclopédia livre.]

A definição de Patrimônio Cultural representa toda a produção de um povo que é compartilhada e transmitida de geração a geração, seja ela material ou imaterial em todas as suas formas de expressão tangíveis ou não, isoladas ou em conjunto e que constituem as refêrencias que identificam uma sociedade ao seu lugar.

Texto e pesquisa:
Alessandre Humberto de Campos
arquiteto e urbanista

____________________________
[¹] Eugène-Emmanuel Viollet-le-Duc (1814 - 1879) - Restaurador de monumentos francês nascido em Paris, arquiteto ligado ao revivalismo arquitetônico do século XIX e um dos primeiros teóricos da preservação do patrimônio histórico, foi um dos responsáveis pelo reconhecimento do gótico como uma das mais importantes etapas da história da arte ocidental.
[²] Elaborada na Conferencia Geral da Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura, reunida em Paris de 17 de outubro a 21 de novembro de 1972.





Agradecemos ao arquiteto e urbanista ALESSANDRE HUMBERTO DE CAMPOS, especialista em reabilitação ambiental sustentável, arquitetônica e urbanística pela FAU/UnB, pela autorização para republicar o texto que está disponível neste endereço:


Olhar urbano: Edição I - Legado e Patrimônio Cultural:

4 de junho de 2011

3 de junho de 2011

Nossas Fontes de Pesquisa

Para a realização de nossa pesquisa, contamos com a colaboração de muitos moradores de Cataguases que nos permitiram acesso a cartas, jornais, fotografias e objetos que remontam ao período que estudamos. Algumas pessoas, entretanto, se queixam da dificuldade para manter seus acervos. Por esta razão, hoje publicamos algumas dicas do Arquivo Público do Estado de São Paulo:
"Para impedir a deterioração de livros e documentos, fique atento a uma série de problemas que podem encurtar a vida do seu acervo:

– Evite o contato direto da luminosidade com o suporte. Proteja-o com um acondicionamento primário (caixas ou pastas, por exemplo);

– Não manuseie livros ou documentos com as mãos sujas ou com cremes; não coma, beba ou armazene alimentos nas proximidades dos locais de guarda;

– Sempre que possível, armazene livros e documentos em acondicionamentos, como caixas em polipropileno corrugado ou papéis alcalinos. Esta medida impede a poeira ou a luminosidade de entrar em contato direto com o suporte. Evite o empilhamento das obras;

– O ambiente de guarda deve ser limpo constantemente, evitando assim o acúmulo de sujidades. Durante a limpeza, verifique a existência de insetos xilófagos (que se alimentam de papel), como brocas e cupins, e de microorganismos;

– Deixe sempre um espaço entre estantes e parede. A parede pode transmitir umidade aos livros. Armários e estantes devem ser arejados. Estantes fechadas devem ser periodicamente abertas;

– Em estantes de madeira, pense em revestir as prateleiras com vidro. Não use tintas à base de óleo;

– Não use clipes como marcadores de páginas. O processo de oxidação do metal mancha e estraga o papel;

– Na prateleira, os livros devem ficar folgados. Sendo fáceis de serem retirados, duram mais. Quando estão comprimidos nas prateleiras, a sua retirada é feita de maneira incorreta, o que danifica as lombadas e a encadernação. Livros apertados também favorecem o surgimento de insetos xilófagos;

–Ao retirar um livro da prateleira, não o puxe pela parte superior da lombada, pois isso danifica a encadernação. O certo é empurrar os volumes dos dois lados e puxar o volume desejado pelo meio da lombada;

–O melhor posicionamento para um encadernado é vertical. Encadernados de grandes volumes devem ficar em prateleiras que permitam isso. Em último caso deixe-os horizontalmente, tomando-se o cuidado de não sobrepor mais de três volumes;

–Não utilize fitas adesivas ou cola branca (PVA) para evitar a perda de fragmentos de um volume em degradação. Esses materiais possuem alta acidez, provocam manchas irreversíveis onde aplicados, e degradam a fibra do suporte."